Painelistas defendem representação qualitativa da mulher em todas as esferas da sociedade
As painelistas da Mesa Redonda sobre “Transformação da UEM em Universidade de Investigação: oportunidades e desafios da mulher no uso das tecnologias e na investigação para o desenvolvimento”, defenderam uma representação qualitativa da mulher em todas esferas da sociedade, incluindo na Universidade. Segundo elas, já se nota uma representação quantitativa da mulher, mas falta alguma qualidade para que ela seja mais incisiva, principalmente no caso da UEM, atendendo ao contexto de Universidade de Investigação (UdI).
Para a Profª. Doutora Benigna Zimba, da Faculdade de Letras e Ciências Sociais, no contexto de UdI, a Universidade devia ter um papel mais activo de formação muito mais consciente e incisivo sobre a UdI e que, tal processo, começa dos próprios docentes e toda a máquina administrativa da UEM, porque é preciso acomodar a todos dentro desse âmbito da equidade de género.
“E já temos isso na nossa Universidade, as turmas já são equitativamente representadas por homens e mulheres, dependendo dos cursos”, disse.
No campo das tecnologias, constatou pouco domínio, no geral, no uso das TIC, tanto pelo homem quanto pela mulher. “Os nossos estudantes, que vem da escola secundária, muitos deles nunca se sentaram em frente a um computador, o meio que mais representa as tecnologias”, disse.
Acrescentou que a noção do uso de tecnologia aliado à investigação ainda é muito incipiente e extremamente vaga, sendo que precisa ser induzida, através dos vários programas académicos e lectivos existentes na UEM. “Todo o dia-a-dia na Universidade precisa ser induzido para se formar uma consciência colectiva de Universidade de Investigação”, frisou.
Na sequência, a Profª. Doutora Esselina Macome, da Faculdade de Ciências, apelou para a urgência de uma reflexão profunda sobre como a universidade pretende se posicionar em matérias de género, no âmbito da transformação da UEM em UdI, porque não bastam apenas números, é preciso que isso se reflicta na qualidade.
Para Macome, a UEM deve buscar parcerias com vista a se tornar numa Universidade de Investigação relevante na era digital. “Já se fala de cidades inteligentes, o que significaria incluir esta vertente nas nossas pesquisas”, anotou.
Por seu turno, a Profª. Doutora Ana Nhampule, da Universidade Joaquim Chissano, defendeu que a investigação deve estar no centro de toda a vida da Universidade, desde a governação, passando pelo ensino e aprendizagem, até ao Corpo Técnico e Administrativo.
Para esta oradora, não basta falar de dados estatísticos, se não se olhar para a mulher com as suas múltiplas identidades e desenhar estratégias concretas para que ela possa participar.
As oradoras falavam na Terça-feira por ocasião do mês da mulher que este ano, se celebra sob o lema “Inclusão digital: inovação e tecnologia para a promoção da igualdade de género”.
Na abertura do evento, o Reitor da UEM, Prof. Doutor Manuel Guilherme Júnior, destacou a relevância do lema pelo facto de o processo de digitalização que vem ocorrendo no mundo, em geral, e na academia, em particular, desafiar de forma permanente, os Estados e as universidades a criarem condições para os cidadãos, independentemente das suas características identitárias, para que possam usufruir desses desenvolvimentos tecnológicos e económicos.
Todavia, segundo o Reitor, dada a sua condição de vulnerabilidade, reserva-se à mulher como parte das políticas públicas de promoção de empoderamento, o acesso às tecnologias e ao conhecimento em diferentes áreas que possam contribuir para o desenvolvimento económico, social e cultural e, desse modo, a promoção dos seus direitos.
Na ocasião, a Directora do Centro de Coordenação dos Assuntos do Género, (CeCAGe), Profª. Doutora Gracinda Mataveia, disse que a Mesa Redonda simboliza a homenagem e solidariedade com as mulheres que, em todo o mundo, através de várias acções, manifestações e outro tipo de intervenções públicas, fizeram e continuam a fazer a história pela luta e inclusão e participação activa no mundo académico, particularmente na área das tecnologias.