Meu desejo é ser desportista de renome internacional
Natália Intego, estudante da ESCIDE e atleta da Académica
Natália Sebastião Intego, de 21 de anos de idade, estudante do terceiro ano de licenciatura em Ciências de Desporto na UEM (especialidade de Desporto Adaptado e Saúde), defende que não existe curso especificamente para mulheres ou homens, sendo, por isso, que se sente confortável na área de formação que decidiu abraçar.
Bicampeã africana de Voleibol de Sala da zona VI, pela Associação Académica de Maputo, cinco vezes vice-campeã nacional de voleibol de praia e vencedora de uma medalha de bronze, revelou que, após a formação, almeja melhorar a língua inglesa, para poder abraçar a carreira desportiva no estrangeiro e, assim, tornar-se numa profissional de renome internacional.
Na entrevista que se segue, Intego partilhou também a experiência colhida nas provas internacionais.
Quando é que começa a praticar voleibol?
Comecei a praticar voleibol aos 8 anos, na Escola Primária Completa Mártires de Mbuzine, no bairro de Magoanine, incentivada pelos meus professores e pela minha mãe. Não tinha muita paixão pela modalidade e desisti, tendo retomado já no ensino secundário, em 2016, na Escola Secundária Quisse Mavota. Em 2017, fui seleccionada para participar nos jogos escolares que se realizaram em Gaza.
Quando é que ingressou na UEM?
Foi em 2021, depois de não ter conseguido no ano anterior.
Porquê escolheu Licenciatura em Ciências do Desporto?
Fui incentivada pelo meu treinador, quando ingressei na Académica, afirmando que seria vantajoso para mim por já ser atleta. Falou das oportunidades que esse curso podia me proporcionar. Porque nessa altura já começava a sonhar em abraçar de forma definitiva o desporto como minha profissão, decidi seguir a orientação.
Com 21 anos de idade já acumula conquistas nacionais e internacionais. Qual é o segredo?
O segredo é o trabalho. Muita dedicação. Eu e a minha dupla de vólei de praia temos nos esforçado muito; os nossos dias têm sido de trabalho intenso que junta treino nas duas modalidades que praticamos (voleibol de praia e de sala) e a escola. Tem sido muito duro, mas gratificante.
Como consegue conciliar os estudos com a prática de desporto?
Não tem sido fácil, mas, com muito empenho e dedicação, consigo conciliar. Não tenho muito tempo para descansar, faço treinos logo cedo para o voleibol de paria, seis vezes por semana e, depois dos treinos, vou à Faculdade. E também faço treinos para o voleibol de sala no período da noite, três vezes por semana.
Porquê praticar duas modalidades?
Comecei praticando o voleibol de sala, só em 2018 fui fazer o voleibol de praia. Começamos nas brincadeiras eu e a minha dupla, nos tempos livres. Mas tive a sorte de ser seleccionada para os jogos da CPLP, sub-16, que se realizaram em São Tomé e Príncipe, que, entretanto, acabei não seguindo, por razões relacionadas com a idade da minha dupla, que já tinha 17 anos. No mesmo ano, fui convocada para a selecção sub-19 de vólei de sala, que foi o Campeonato Africano da Zona V, realizado em Botswana, e fomos campeãs.
Depois da formação quais são as suas expectativas profissionais?
O meu maior foco agora é terminar a minha licenciatura com as melhores notas possíveis e aprimorar a língua inglesa para poder trabalhar fora de Moçambique. Tenho a pretensão de trabalhar nos países vizinhos da Zona VI e tornar-me numa referência, tanto como treinadora, fisioterapeuta, nutricionista ou trabalhar num ginásio como personal trainer.
Porquê deseja trabalhar fora do país e não em Moçambique?
[risos…] Não sei. Apenas sei que quero trabalhar fora do país.
Como mulher, estar a fazer um curso que é maioritariamente feito por homens, quais têm sido os principais desafios?
Não é fácil. O primeiro constrangimento é a vestimenta. Há vezes que usamos roupas justas, isso acaba deixando as mulheres um pouco desconfortáveis. Outro constrangimento é que muitas pessoas têm a concepção de que só homens podem trabalhar na área do desporto. Nós, como mulheres, temos que provar todos os dias que somos capazes de realizar qualquer tipo de tarefa e função e eu estou aqui para provar isso.