Estudante cria sistema de alerta de inundações baseado em Internet das Coisas
Anselmo Raimundo Matavele, estudante de Engenharia Informática, acaba de criar um sistema de alerta de inundações, baseado em Internet das Coisas, que poderá ajudar as populações das regiões propensas a reduzir as perdas. Segundo o seu autor, o sistema apresenta vantagens comparativamente aos modelos actuais de alerta pois produzir informações fidedignas, em tempo real.
A criação do sistema faz parte do trabalho de monografia para a obtenção do grau de licenciatura no curso de Engenharia Informática recentemente apresentado na Faculdade de Engenharia, com título “Proposta de um Modelo de Alerta de Inundações Baseado em Internet Of Things (IoT) na Região do Rio Movene no Distrito de Boane”.
Para a culminação de licenciatura, Anselmo apresentou proposta de modelo de alerta de inundações baseado em Internet das Coisas na região do Rio Movene, distrito de Boane. O que o levou a escolher esse local?
Por se tratar de um local que é propenso e vulnerável e que tem sido assolado com alguma frequência pelas inundações.
Que vantagens o seu modelo apresenta em relação a outras formas usadas para alertar as populações?
A vantagem é de alertar as autoridades que, por sua vez, avisam as populações que vivem ao longo da margem do rio, a tempo de poderem se precaver, mitigando, desta forma, o risco de perdas de vidas humanas e bens materiais, perdas que impactariam na economia da zona de Boane.
Como é que funciona o modelo?
O modelo funciona através de sensores ultra-sónicos que detectam e recolhem os dados do nível do leito do rio e um microcontrolador que procecessa esses dados, que são enviados para uma nuvem que permite monitorar graficamente os níveis do rio e produzir-se informações fidedignas em tempo real; ele possui leds que alertam em 2 níveis, vermelho para o crítico e verde para uma situação normal, para além disso, emite mensagens de texto, alertando da ocorrência de inundações nos telemóveis dos números previamente configurados dos responsáveis municipais, equipa técnica e gestores do sistema e um alerta sonoro quando se alcança um nível crítico da elevação do leito do rio.
Nesse sistema de alerta, a população vai ter acesso directo à informação?
Numa primeira fase, está configurado para alertar as autoridades que, por sua vez, informarão a população, através dos chefes de quarteirões, mas as populações poderão ouvir o alarme sonoro. Contudo, é possível fazer uso das antenas das redes de telecomunicações, para alertar os números activos que recebam sinal daquelas antenas via SMS.
Da pesquisa feita para a elaboração da proposta, que cenário encontrou no local? O que o resultado do estudo indica?
No local, foi identificado um sistema analógico que depende de carregamento manual da informação, incapaz de fornecer actualizações em tempo real. As informações colhidas são disponibilizadas às 9 horas do dia seguinte. O estudo aponta que, esse modelo, se revela ineficaz, uma vez que deixa as populações desprevenidas diante das cheias, resultando em perdas de vidas humanas e propriedades.
Para solucionar essa questão, é proposta a implementação de um sistema que permita alertas em tempo real. Essa abordagem tem o potencial de mitigar as perdas de vidas e bens, pois possibilitaria acções imediatas em resposta às condições de inundação.
Moçambique tem sido afectado por desastres naturais de grande escala. Qual acha que pode ser o contributo do seu sistema na redução do impacto desses desastres em todo o país?
A implementação deste modelo de alerta não apenas reduz perdas de vidas e bens materiais, mas também oferece uma vantagem crucial no mecanismo e sistemas de gestão e redução de riscos de desastre em Moçambique, permitindo-lhe ter informações antecipadas para planejar evacuações ágeis nas áreas de risco de inundações e garantir uma planificação de abrigos temporários e futuro reassentamento das mesmas populações afectadas, melhorando a resposta aos desastres.
É recém-formado, que avaliação faz do ambiente de investigação na Faculdade?
Penso que ainda carece de aprimoramento, pese embora, actualmente, existam feiras de engenharia, onde os estudantes expõem os seus trabalhos. Contudo, necessita-se de um ambiente que possibilite intercâmbio entre estudantes e profissionais que possuam um ‘know how’ mais apurado em matérias de investigação, por forma a desenvolver técnicas de investigação nos estudantes.