Mulher continua sub-representada nos órgãos de comunicação social
Apesar dos avanços, a mulher continua sub-representada nos órgãos de comunicação social, consideram as painelistas da Mesa Redonda sobre inovação e tecnologia para igualdade de género, promovida pela Embaixada da França e a Escola de Comunicação e Artes (ECA), alusiva ao mês da mulher.
Consideram que, regra geral, a mulher continua a ser retratada como dona de casa, cuidadora dos filhos e não como excelente profissional, que pode ser boa advogada, cientista ou astronauta.
Para Maria Cremilda Massingue, jornalista e docente da ECA, houve uma evolução em termos de mulheres que trabalham nas redacções e do número de estudantes do sexo feminino no curso de jornalismo.
A título de exemplo, fez notar que, numa turma do 3º ano em que lecciona, de um total de 25 estudantes, apenas cinco são homens. “A situação está a inverter-se numa profissão considerada liberal, que era só para homens”, disse.
Todavia, observou que, apesar do crescente número de mulheres que se formam em jornalismo, poucas abraçam efectivamente as redacções. “A profissão continua a não ser apetecível para as mulheres, apesar do crescimento exponencial de mulheres que fazem jornalismo”, frisou.
Por sua vez, a apresentadora de televisão Eva Trindade, notou que o corpo da mulher está a ganhar primazia nos espaços televisivos em detrimento da progressão da carreira da mulher. Constatou que a pauta já não é mais determinada pelos jornalistas, mas pelos proprietários dos meios de comunicação, por quererem assuntos de maior audiência.
Considera que o país é campeão em adoptar e elaborar dispositivos legais nacionais e internacionais bastante bons e até arrojados, mas que peca na sua implementação.
Na abertura do evento, a Vice-Reitora Académica da UEM, Profª. Doutora Amália Uamusse, fez saber que uma percentagem significativa de mulheres não tem acesso à Internet, associado ao Quinto Objectivo de Desenvolvimento Sustentável, que faz referência ao uso de tecnologias como base para promover o empoderamento das mulheres.
Segundo a Vice-Reitora da UEM, não obstante os grandes avanços alcançados, o mês da mulher deve ser celebrado com a consciência de que ainda há um longo caminho a percorrer e que é preciso continuar a promover a participação da mulher e a defesa dos seus direitos.
O debate tinha como objectivo avaliar a prática jornalística e a perceção que a sociedade tem sobre igualdade de género. Foi inspirado no tema do Dia Internacional da Mulher, proposto pela ONU Mulheres, intitulado “Inclusão Digital: Inovação e Tecnologias pela Igualdade de Género”.