A pesquisa é desafiadora, mas gratificante
dra. Afshan Tahibo, estudante de mestrado na FAMED
Estudante de mestrado em Emergências Pediátricas e Neonatais na Faculdade de Medicina, dra. Afshan Tahibo, graduada da mesma faculdade, tem ganho notoriedade pelo seu envolvimento em diversas actividades de investigação. Aproveita cada oportunidade para aprender e incentiva aos seus colegas, incluindo de graduação, a abraçarem a investigação, que classifica como desafiadora, mas gratificante.
Quando é que pensou cursar medicina e porquê?
A ideia de fazer medicina já vinha desde a infância, sempre olhei como uma profissão nobre, de ajudar as pessoas, e também pela influência dos meus pais, que sempre apoiaram com a escolha desta profissão.
Tinha ideia do que iria encontrar?
Honestamente, não fazia ideia de como seria na altura, principalmente pelo facto de ter entrado num ano em que ocorriam mudanças nos currículos e a forma de estudar era diferente do que ouvia dos relatos de médicos já formados no seio familiar.
Encontrou na UEM a formação que pretendia?
Como referi anteriormente, ingressei num ano que se fez mudanças curriculares, para o currículo PBL, que na altura havia muito pouco conhecimento sobre tal, e a forma de como eram apresentados os módulos e a matéria, foi um desafio. Contudo, após a mudança para o currículo clássico, sem dúvida, alcancei todas as espectativas e pude vencer todos os desafios.
Afshan Tahibo tem estado envolvida em diversos projectos de pesquisa. Como é que surge o interesse pela investigação?
Ao trabalhar no serviço de Urgências de Pediatria, fui observando que havia muitas patologias que poderiam ser investigadas em relação aos factores de risco, as causas, as prevenções e que se estas fossem levadas adiante, poderiam fazer com que se diminuíssem as frequências destas patologias através de partilha de conhecimento baseado em evidência, e com a Covid-19, o interesse aumentou mais ainda, pois perante uma doença emergente, surgia a necessidade de saber mais sobre ela, como conter e ajudar os demais. E foi nesta altura que fui convidada para fazer parte da equipe de investigação do estudo do vírus RSV.
Actualmente integra a equipa de investigadores que estudam a ocorrência do vírus respiratório RSV em crianças menores de dois anos, na Pediatria do Hospital Central de Maputo. Qual tem sido a experiência de participar desse projecto?
Desde o início do estudo, tenho sido integrada em todas as fases do projecto, o que faz com que adquira cada vez mais conhecimentos novos. A partilha de experiências e comparação com os outros países que também participam no estudo, dá-me uma perspectiva diferente e incentiva-me a prosseguir cada vez mais na área de investigação. De forma resumida, a experiência tem sido singular.
É estudante de mestrado em Emergências Pediátricas e Neonatais. Que ganhos a participação nesta pesquisa traz à sua formação?
Ao participar da pesquisa pude conciliar as aprendizagens do mestrado com as das pesquisas. O mestrado fornece as bases para um projecto de investigação, e ao participar do mesmo, pude associar e usar o projecto como forma de aprendizagem, perceber melhor de como foi a sua elaboração, desde a concepção do protocolo, ao recrutamento, à colheita e perceber os possíveis outcomes. Em resumo, participar da pesquisa tem sido uma forma de complementar o mestrado e vice-versa.
Como é que avalia o ambiente de investigação na faculdade?
O ambiente de investigação na faculdade é acolhedor, posso assim dizer, pois através da investigadora principal do projecto, Dra. Tufária Mussá, sempre me integrei em todas as etapas do projecto. Ela mantém sempre a disponibilidade para qualquer esclarecimento e também incentiva muito aos jovens da faculdade a participar dos projectos de investigação. Defendo isto, após assistir as últimas jornadas científicas dos estudantes de medicina, que foram bem organizadas, com bons projectos, e notava-se que havia um estímulo interno (de docentes e alunos) para que se mantivesse esta área de investigação incutida mesmo após a graduação.
Onde pretende chegar com iniciativas de investigação?
Pretendo conseguir fazer, não apenas uma, mas várias investigações que, através de evidências clínicas e propostas de mitigações possam vir a beneficiar a nossa população e publicar estas investigações em revistas internacionais.
O que tem a dizer a outros estudantes de Medicina que possam estar interessados em abraçar a investigação?
A pesquisa pode ser uma carreira desafiadora, mas também muito gratificante, que permite contribuir para a evolução da ciência e ajudar a melhorar a vida das pessoas.
Se tem interesse em pesquisa, aconselho a se envolver o mais cedo possível, idealmente durante esta fase na faculdade de medicina, mantendo actualização sobre as últimas descobertas e tecnologias em áreas de interesse.
Tentem procurar oportunidades de voluntariado em projetos de pesquisa ou incentivem-se sempre a apresentar nas jornadas científicas, pois estas abrem as portas para a área de investigação. Desejo boa sorte a todos interessados na área de investigação e em suas jornadas de pesquisa, esforcem-se para fazer a mudança que o país precisa.