“Ajudo estudantes a contornar as barreiras do emprego”
Afirma o estudante Culpa Lissamo
Culpa Francisco Xavier Lissamo, Zambeziano de 24 anos, estudante de 3°ano de Licenciatura em
Educação de Infância na Faculdade de Educação da Universidade Eduardo Mondlane e Presidente do
Núcleo dos Estudantes, é um dos activistas muito reconhecidos na praça pela sua pujança na defesa dos
Direitos da Criança. Com um currículo invejável, o jovem universitário tem vindo a organizar palestras
motivacionais para estudantes de diversas instituições de ensino superior, usando recursos próprios.
Qual foi a motivação para a escolha do curso?
O que me motivou a escolher o curso de Licenciatura em Educação de Infância é o facto de já ter
experiência na área, pois trabalho há seis anos como educador de infância. Já desenvolvi trabalhos para
organizações de renome a nível nacional e internacional, tais como o Fundo das Nações Unidas para a
Infância (UNICEF), Save the Children e a Geração Biz. Essa experiência foi também crucial para a criação da Organização para o Desenvolvimento Infantil (ODI).
Quando e como surge a ODI?
Em 2020, ainda no primeiro ano de licenciatura, uma das minhas colegas apresentou-me a ideia de criar
um Centro Infantil, alegando que a infância em Moçambique é muito menosprezada. Eu disse que ela
podia me trazer dez pessoas para que se materializasse a iniciativa. Dias depois, ela cumpriu com a
missão e este foi o primeiro momento da criação da ODI. Com a minha nomeação como presidente,
mais estudantes da área foram aderindo à iniciativa e, com o apoio de um amigo brasileiro, fomos
desenvolvendo actividades importantes para a notoriedade da agremiação. Com o andar de tempo,
conhecemos uma psicóloga educacional, de nacionalidade francesa, que nos concedeu a oportunidade
de trabalhos de campo.
E como chega a liderar o Núcleo dos Estudantes?
Na ODI, desenvolvia trabalhos e, posteriormente, mostrava aos docentes e colegas para me sugerirem
novas ideias, pois já trabalhava com algumas pessoas de países como França, Brasil e Portugal e
pretendia fazer, cada vez mais, a organização crescer. No entanto, quando o Presidente do Núcleo dos
Estudantes da UEM graduou e cessou as funções, não tinha ninguém para ocupar o cargo, daí que fui
indicado para ser o presidente interino. E cá estou, desde 2021.
Que contributo trouxe ao Núcleo?
Quando assumi o cargo, comecei a organizar palestras nas quais participavam membros do governo e
estudantes de diferentes universidades, tais como a Universidade Pedagógica, Joaquim Chissano e a
Escola Superior de Jornalismo. Nestes eventos, procurávamos discutir os desafios e percursos pós-
universidade, com o objectivo de ajudar a classe estudantil a descobrir como se reinventar face às
dificuldades do mercado de emprego. Temos organizado palestras que mostram aos estudantes o
caminho a seguir para contornar as barreiras do emprego.
Volvidos dois anos do mandato, quais são os actuais desafios?
Os desafios são muitos, um dos quais é a falta de condições para executar algumas ideias ou produzir
eventos. No entanto, recentemente fui eleito membro do Fórum da Sociedade Civil para os Direitos da
Criança (ROSC) e gostaria de usar esta minha “brecha” para puxar outros estudantes para conhecerem
este tipo de organizações e o respectivo contributo na defesa dos direitos da criança, porém, não temos
transporte. Por essa razão, acabo usando o nome da ODI e recursos próprios para desenvolver inúmeras
actividades do Núcleo.
Qual é a grande aposta para este ano?
Levar avante o projecto “Uma Escola, um Psicólogo”, pois já foi aprovado pela Faculdade. É um projecto
virado para assistência psicológica aos estudantes, que será realizado pelos estudantes do terceiro e
quarto anos do curso de psicologia, com supervisão do Centro de Apoio Psicológico da Faculdade de
Educação. Numa primeira fase, o projecto será implementado nas escolas e faculdades da UEM.
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